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domingo, 7 de maio de 2017

“Na verdade que, depois que me converti, tive arrependimento; e depois que fui instruído, bati na minha coxa; fiquei confuso, e também me envergonhei; porque suportei o opróbrio da minha mocidade”. (Jeremias 31:19).


          

          Não é raro ouvirmos testemunhos de pessoas que viveram no lamaçal do pecado e após se converterem ou se convencerem de que a vida da qual estavam inseridas lhes causavam danos, mudaram. Graças a Deus por isto. Mas, o que causa certa estranheza é ouvir algumas dessas pessoas dizerem: "eu não tenho vergonha do meu passado". E, por isso percorrem “terras, rios e mares”, falando do seu passado, expondo seus atos pecaminosos como se os fatos de sua vida sem Deus pudessem ser alvo estratégico para atrair pecadores ao arrependimento; quando na verdade, o que atrai pecadores ao arrependimento é a cruz de Cristo. Jesus disse: “E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim”. (João 12:32).
          A morte de Cristo, o seu sangue derramado, o poder do Espírito Santo que convence o homem do pecado, da justiça e do juízo, são elementos indispensáveis para tocar o coração aqueles que são sensíveis a voz de Deus que os pode tirar do império das trevas e transporta-los para o reino do Filho do seu amor.
    Certa ocasião, fui convidada para um evento no qual o principal destaque era o testemunho de uma linda moça que percorria o mundo, desfilando nas passarelas da moda. Nesse evento, ela ia falar de sua conversão e, portanto, na data específica, os portões do ginásio foram abertos; as cadeiras e os acentos de concreto se transformaram num grande auditório, repletos de pessoas desejosas de ouvir mais um testemunho de alguém que Deus havia tirado do império das trevas e transportado para o reino do Filho do seu amor. 
      Como de praxe, o evento começou com cânticos leitura da palavra, oração etc., e finalmente, entre aplausos e assovios, à ex Top Model foi entregue o microfone. Enquanto ela falava, era exposto num telão fotos dos famosos desfiles de moda que fizera nas grandes metrópoles internacionais. Também fazia parte da exposição, fotos da sua nudez. E, à medida que elas eram exibidas no Datashow, gritos e assovios impediam que sua voz fosse ouvida. Bem perto de onde eu estava, um homem gritava: “hei, gostosa, se prepara que vou te pegar! ”; ele dizia, também, outros gracejos os quais não são lícitos repeti-los.
      Supostamente, estávamos reunidos naquele lugar, com o objetivo de glorificar o Nome do Senhor Jesus, e segundo os organizadores, a meta era ganhar almas para Cristo. Mas, infelizmente, do jeito que estava sendo conduzido os atos daquele culto, não parecia ser a forma ideal para colher frutos dignos de arrependimento.
       No segundo dia, tive oportunidade de estar com a pregadora e seu marido que estava agendado para dar o seu testemunho, ele também havia pertencido ao mundo da fama. Leve-os ao hotel e preocupada com o que presenciei no primeiro dia do seu testemunho, com muito amor, expondo as Escrituras, lhe falei da importância de deixar que o Espírito Santo fosse condutor do seu testemunho e não a sua fama ou a beleza das suas curvas exibidas nas fotos. Soberba e arrogantemente ela disse que estava debaixo da cobertura dos seus pastores que oravam por ela e que a pastora, sua discipuladora a aconselhara a usar suas fotos como forma de atrair os mais jovens para Jesus. Ela, então, afirmou: “Não tenho vergonha do meu passado”.
       O que mais poderíamos fazer por aquela linda e querida irmã que, em tão pouco tempo de vida cristã, achava-se apta para pregar? Ao invés de estar em uma sala de discipulado de sua congregação aprendendo, à luz da Palavra, os ensinos de Jesus, e, como seus apóstolos, que tiverem três anos de ensino intensivo aos pés do Mestre, ela deveria estar aprendendo a forma mais eficaz de atrair pecadores para Jesus. Porém, segundo afirmou, sob orientação de seus líderes, ela estava à frente de multidões levando o “seu” evangelho, do “seu” jeito, e como diz a Bíblia, “publicando seus pecados sem se disfarçar”, afirmando: Não tenho vergonha do meu passado.
      Mas, quando leio o meu precioso livro, a Bíblia Sagrada encontro o profeta Jeremias lamentando o seu passado de pecados, com as seguintes expressões: “Na verdade que, depois que me converti, tive arrependimento; e depois que fui instruído, bati na minha coxa; fiquei confuso, e também me envergonhei; porque suportei o opróbrio da minha mocidade”. (Jeremias 31:19).
      O profeta Isaias teve uma visão da glória de Deus na qual ele viu a grandeza da sua majestade e da sua santidade; Isaias viu a magnificência do Rei dos reis e Senhor dos senhores. Ele viu o Cristo glorificado. (Confira em João 12:41).
Naquela visão, Isaias pode também observar o respeito temente dos querubins diante da presença do nosso Senhor. Os anjos, com suas asas cobriam seus rostos e seus pés em sinal de reverência ao santo Deus o qual serviam. Diante de extraordinário   espetáculo glorioso, o profeta, olhando para si mesmo e para o seu povo, viu a sua insignificância e a primeira reação dele foi dizer: “Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios; os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos”.
      Isaias recebeu o socorro do seu clamor. Seu coração temente a Deus, foi purificado; e sua vida, transformada. Ele diz: “Porém um dos serafins voou para mim, trazendo na sua mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; E com a brasa tocou a minha boca, e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua iniquidade foi tirada, e expiado o teu pecado”. (Isaias 6:5-7). Quando ele foi purificado do seu pecado, ele pode ouvir a voz do Senhor perguntando: “ A quem enviarei, e quem há de ir por nós? ”  E, o profeta, responde: “Eis-me aqui, envia-me a mim”.
         Lendo o sexto capítulo do livro de Isaias, descobrimos que o Senhor o enviou com a missão de pregar a um povo que não lhe daria ouvidos, não daria atenção a sua pregação; o povo ia ouvir, mas não ia entender; ia ver, mas não ia perceber o que estava acontecendo. Seus corações iam estar cheios das palavras de Isaias; e eles até poderiam plaudir a sua mensagem, mas, nada ia mudar em suas vidas. Eles estavam pesados de iniquidade. Eles viviam num contexto social em que tudo era normal. E, se alguém observasse atitudes, comportamentos fora das diretrizes dos mandamentos os quais regiam aquela nação, e que, portanto, deveriam ser obedecidos, vozes se levantavam para dizer: nada a ver! Estamos em outros tempos! As coisas mudaram! A nação de Israel absorvia as práticas e o modo de vida dos povos das nações que lhes cercavam e que, obviamente, desprezavam o seu Deus. Os deuses deles, o costume deles, a moda deles, o linguajar deles, enfim, a cultura desses povos era referência para o povo de Deus. Os filhos e filhas de Israel não tinham necessidade e muito menos vontade de fazerem mudança em suas vidas. A rebeldia daquele povo contra a palavra de Deus era tão obstinada, tão contumaz, que lhe toldava o entendimento para perceber o quanto seu estado de degradação moral e espiritual o afastava da santidade de Deus. 
         Isaias viu, a situação drástica na qual vivia, e pasmo, exclamou: “Ai de mim! Pois estou perdido”.  Isaias foi enviado com a responsabilidade de pregar a um povo que ia ignorar a sua mensagem.
       Nenhum pregador, nenhum evangelista tem prazer de levar uma mensagem a quem não tem interesse de ouvir. Ficamos felizes quando pregamos e vemos pessoas se arrependendo, entregando suas vidas a Cristo; e louvamos a Deus quando suas vidas são visivelmente transformadas. Algumas vezes, tive o privilégio de falar da importância de vivermos em santidade e, como filhos de Deus, sermos referências para os que andam sem a luz de Cristo. E, como é bom quando as pessoas vêm ao nosso encontro dizendo: Jesus mudou a minha vida.
       Mas, isso não ia acontecer com aqueles a quem Isaias ia pregar. Por que? Porque seus corações estavam cauterizados e não havia sensibilidade para aceitar a correção de Deus.
       Jesus encontrou situação parecida em sua geração. O escritor, Apóstolo João, escrevendo sobre a trajetória de Jesus, falando do seu ministério em Israel, diz: “E, ainda que tinha feito tantos sinais diante deles, não criam nele; Para que se cumprisse a palavra do profeta Isaías, que diz: Senhor, quem creu na nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor?    Por isso não podiam crer, então Isaías disse outra vez: “Cegou-lhes os olhos, e endureceu-lhes o coração, a fim de que não vejam com os olhos, e compreendam no coração, E se convertam, E eu os cure”.(João 12:27-30).
       Isaias teve o desejo de saber por quanto tempo ele ia estar pregando a um povo que deveria ignorar a sua mensagem. “Então disse eu: Até quando Senhor? E respondeu: Até que sejam desoladas as cidades e fiquem sem habitantes, e as casas sem moradores, e a terra seja de todo assolada. E o Senhor afaste dela os homens, e no meio da terra seja grande o desamparo”. A medida que o profeta percorria as cidades de Israel levando a mensagem do Senhor, ele pode observar o descaso do povo quanto a ética, a moral, a honra.  "Os teus príncipes são rebeldes, e companheiros de ladrões; cada um deles ama as peitas, e anda atrás das recompensas; não fazem justiça ao órfão, e não chega perante eles a causa da viúva (Isaias 1:23). 
           Isaias, disse: “O aspecto do seu rosto testifica contra eles; e publicam os seus pecados, como Sodoma; não os dissimulam. Ai da sua alma! Porque fazem mal a si mesmos. (Isaías 3:9).  
         Quando somos confrontados com o nosso pecado, ele é sempre uma vergonha para nós. Tudo o que fazemos fora do padrão de Deus, a quem amamos e servimos, faz muito mal a nossa alma. Por isso o profeta exclama: “Ai da sua alma! Porque fazem mal a si mesmos”.  
        O profeta Jeremias, no capítulo vinte e cinco do seu livro, também, expõe o estado espiritual dos reinos de Israel e Judá.  Deitemo-nos em nossa vergonha; e cubra-nos a nossa confusão, porque pecamos contra o Senhor nosso Deus, nós e nossos pais, desde a nossa mocidade até o dia de hoje; e não demos ouvidos à voz do Senhor nosso Deus. (Jeremias 3:25);  Esdras, envergonhado pelo seu pecado e do seu povo, nem ousava levantar a sua face para orar e, somente, dizia: Meu Deus! Estou confuso e envergonhado, para levantar a ti a minha face, meu Deus; porque as nossas iniquidades se multiplicaram sobre a nossa cabeça, e a nossa culpa tem crescido até aos céus. (Esdras 9:6)
        O mal de muitos líderes é o de transformar convertidos famosos em astros e estrelas de púlpitos, ao invés de leva-los ao ensino da Palavra até que seja forjado neles, o caráter de Cristo.
       Uma genuína conversão, nos leva ao arrependimento; e o arrependimento nos leva a ter vergonha do nosso passado. O profeta Ezequiel faz saber a nação de Israel que o pecado dela era tão vergonhoso que até as filhas dos filisteus se envergonhavam do caminho depravado dela; mas, Israel não se envergonhava. Isaias diz que, diante da majestade de Deus, até a sua criação se envergonhará dele. ” E a lua se envergonhará, e o sol se confundirá quando o Senhor dos Exércitos reinar no monte Sião e em Jerusalém, e perante os seus anciãos gloriosamente”. (Isaías 24:23). Imagine, nós pecadores, se, convertidos e arrependidos, não nos envergonharíamos do nosso passado pecaminoso diante da santidade de Deus? Como pode alguém dizer que não se envergonha do seu passado, se o seu passado foi abominável aos olhos de Deus!       
          Temos motivo para nos envergonhar do nosso pecado, pois, o pecado fere a santidade de Deus; o pecado é abominável aos olhos de Deus; Por isto, Ele diz aos seus filhos, lavados e purificados no sangue do Cordeiro: "Santo sereis, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo” (Levítico 19:2b). E, o Apóstolo Pedro nos aconselha: Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver. (1 Pedro 1:15). Eu tenho vergonha de muita coisa que contaminou a minha alma; E, lamentavelmente, foi a vergonha do meu pecado que levou o Filho de Deus à vergonha da cruz. Mas, é a cruz que me faz olhar para Cristo e ter a certeza de que o meu pecado foi perdoado e quando saio para pregar as boas novas de salvação, minha fonte de inspiração é a cruz de Cristo e, por mais atraente que se seja o meu passado pecaminoso, ele não será o foco da minha pregação. Somente a vergonha da cruz de Cristo me dá a dupla honra de dizer e cantar o hino de George Bernnard: .
“Rude cruz se erigiu! / Dela o dia fugiu, /Em sinal de vergonha e de dor! / Mas eu amo essa cruz, sobre a qual meu Jesus / Deu a vida por mim, pecador.
Sim eu amo a mensagem da cruz, / até morrer eu a vou proclamar. Levarei, eu também minha cruz, / até por uma coroa trocar.
Eu aqui, com Jesus, a vergonha da cruz /Quero sempre levar e sofrer ;/Ele vem me buscar, e com Ele, no lar, /Uma parte na glória hei de ter”.
        Por esta razão, a minha alegria é falar do grande amor de Deus; é falar da importância do arrependimento; é como o salmista, em gratidão ao que me salvou, dizer todos os dias: “Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome. Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios. Ele é o que perdoa todas as tuas iniquidades, que sara todas as tuas enfermidades, que redime a tua vida da perdição; que te coroa de benignidade e de misericórdia. Que farta a tua boca de bens, de sorte que a tua mocidade se renova como a da águia. Não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos recompensou segundo as nossas iniquidades. Pois assim como o céu está elevado acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem. Assim como está longe o oriente do ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões. Assim como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece daqueles que o temem. Pois ele conhece a nossa estrutura; lembra-se de que somos pó”.  (Salmos 103:1-5,10-14).
          Aos que foram sensíveis à pregação do profeta Isaias,e se arrependeram do seu mal caminho, receberam a promessa de Deus. “Em lugar da vossa vergonha tereis dupla honra; e em lugar da afronta exultareis na vossa parte; por isso na sua terra possuirão o dobro, e terão perpétua alegria. (Isaías 61:7).
          O Apostolo Paulo dizia aos coríntios que ele não se envergonhava da autoridade que Cristo lhe havia dado para a edificação deles, não se envergonhava do evangelho de Jesus Cristo. Escrevendo a sua segunda carta a Timóteo, diz que não se envergonha de padecer pela causa de Cristo, por amor a Cristo. Também Paulo não se envergonhava de expor a Palavra na sua essência e diz a Timóteo: Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade. (2 Timóteo 2:15). Paulo tinha vergonha do pecado de omissão e dizia: Vigiai justamente e não pequeis; porque alguns ainda não têm o conhecimento de Deus; digo-o para vergonha vossa. (1 Coríntios 15:34).  Segundo a minha intensa expectação e esperança, de que em nada serei confundido; antes, com toda a confiança, Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte. (Filipenses 1:20).
        O que não lhe envergonha? Seus pecados? E a cruz de Cristo? Tem vergonha de falar de Jesus a um colega de escola, faculdade, de trabalho? E não tem vergonha de fazer e agir como eles, mesmo que suas ações possam estar ofendendo a santidade de Deus?
“Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”




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